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Espaçopara troca de experiências de sala de aula e discussão de projetos pedagógicos para Educação básica, principalmente das escolas públicas. ESTE BLOG ESTÁ NO AR DESDE 04/08/2007

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

FAX apeoesp Nº72 – 13/12/2007

FAX Nº72 – 13/12/2007
Faltas de professores são decorrentes das péssimas condições de trabalho
Mais uma vez, TV Globo edita entrevista do presidente da APEOESP, professor Carlos Ramiro de Castro, e distorce o conteúdo das suas declarações. Em reportagem veiculada no SPTV-1ªedição desta quinta-feira, 13 de dezembro, o apresentador afirma que o professor Carlos Ramiro admite que os professores ausentam-se demais da sala de aula.
Cabe esclarecer que durante entrevista, com duração de 40 minutos, ocorrida na Sede Central da APEOESP, o professor afirmou que as faltas ocorrem em função dos problemas enfrentados no dia-a-dia das unidades escolares: salas superlotadas, péssimas condições de trabalho, jornadas estafantes, stress, violência, entre outros.

Professor Carlos Ramiro declarou ainda que o governo estadual, ao não valorizar a carreira dos professores, provoca a evasão destes profissionais e o desinteresse pela carreira. Com isso, a rede de ensino estadual carece de professores de diversas disciplinas, obrigando a contratação de eventuais.

A reportagem minimizou as declarações do presidente da APEOESP e priorizou o posicionamento oficial, abordado em entrevista ao vivo com a secretária da Educação.
Infelizmente, mais uma vez, um importante órgão de imprensa opta pela criminalização dos professores e não destaca os problemas oriundos das políticas equivocadas adotadas pelo Estado.

Reportagens desta natureza não contribuem para o resgate da qualidade de nossa escola pública.

Revista Veja
Criminalizar os professores da rede pública de ensino tem sido prática constante de alguns órgãos de imprensa, entre eles a Revista Veja. Os artigos e reportagens postados em suas páginas não destacam as péssimas condições de trabalho e a desvalorização profissional impostas aos docentes pelo governo estadual. Recentemente, tomamos conhecimento de que a equipe de reportagem da Revista está percorrendo escolas estaduais elaborando entrevistas sobre falta de professores. Provavelmente, a equipe está contando com a colaboração do governo estadual no acesso às unidades escolares na tentativa de aprofundar os ataques à categoria. Ao disseminar a criminalização, o governo sente-se respaldado para adotar políticas de perseguição aos profissionais.Desta forma, tenta isentar-se das responsabilidades pelos problemas existentes na rede de ensino.

A APEOESP ampliará sua luta contra a destruição da escola pública, um direito inalienável da população. Não vamos nos abater por esta sórdida campanha do governo estadual, endossada por setores da grande imprensa. Vamos continuar exigindo valorização dos professores e respeito aos alunos que, atualmente, são obrigados a conviver com um quadro não condizente com o processo de ensino-aprendizagem, imposto pela administração estadual.

Anexamos a este Fax Urgente texto encaminhado à Revista Veja em resposta às absurdas argumentações do artigo “Professor não é coitado”, publicada na edição 49.

Liberdade de expresssão
Reforçamos a solicitação às subsedes para que coletem o máximo de assinaturas no abaixo-assinado encaminhado junto ao Fax Urgente 69, exigindo a derrubada do artigo do Estatuto dos Funcionários Públicos que proíbe a livre expressão dos servidores.

QUALIDADE DE ENSINO NÃO SERÁ RESGATADA COM “FRIEZA DOS DADOS”

Mais uma vez, o colunista Gustavo Ioschpe, da revista Veja, volta suas baterias contra os professores. Para tanto, utiliza argumentos muito semelhantes aos de alguns políticos e articulistas conservadores e de outros órgãos de comunicação, naquilo que nós consideramos uma verdadeira campanha de descrédito dos professores, de suas lideranças e de suas organizações.

A exemplo dos governantes que não priorizam a educação, Gustavo Ioschpe manipula médias estatísticas, comparações descabidas e meias-verdades para fazer crer que os professores “reclamam de barriga cheia” quando denunciam seus baixos salários, péssimas condições de trabalho, autoritarismo, inadequação dos currículos e tantas outras graves deficiências das redes de ensino. Para tanto, baseia a sua argumentação em levantamentos e pesquisas que não diferenciam professores de escolas públicas de escolas privadas, que cobram de seus “clientes” mensalidades caríssimas e, portanto, obrigam-se a oferecer condições estruturais apropriadas, salas com número adequado de alunos e melhores salários. Na “média” tudo fica bom.

De fato, o professor não é coitado. O magistério é uma das mais dignas e importantes profissões da nossa sociedade. Mas o professor quer e a sociedade exige que esta importância seja reconhecida e valorizada pelo Estado. Infelizmente, não é o que ocorre.

Ioschpe parece desconhecer dados da realidade, que qualquer brasileiro medianamente informado conhece. Ele não tomou conhecimento, por exemplo, das pesquisas nacionais que demonstram que há falta de professores em áreas como física e química, pois os formandos nestas áreas rejeitam a carreira do magistério devido aos baixos salários e às péssimas condições de trabalho? Não sabe da pesquisa da UnB, de quase uma década, sobre a síndrome de Burnout, que significa uma “derrota” do professor diante de tantas dificuldades inerentes ao exercício da profissão na maioria das redes públicas de ensino?

O mais grave neste tipo de artigo é que ele atenta não apenas contra os professores, mas contra a qualidade de ensino nas escolas públicas. Ao brandir o lema de que professor não precisa receber um bom salário para dar boas aulas – corroborando uma frase recente da secretária estadual da Educação de São Paulo – Gustavo Ioschpe se coloca entre aqueles que acreditam que não é necessário investir mais na educação pública, bastando alfabetizar e ensinar as quatro operações básicas aos estudantes das camadas populares.

No mais, vemos a defesa apaixonada da valorização do “mérito”, o novo mantra dos setores mais conservadores da educação brasileira, como se o “mérito” fosse uma qualidade que cada um traz de berço – e não dependesse das condições objetivas para o exercício profissional. Uma idéia ultrapassada, bem ao gosto dos neoliberais.

Resta-nos rejeitar de forma veemente tais idéias e continuar nossa luta pela valorização profissional e salarial dos professores e pelo aumento expressivo dos investimentos na educação pública, único caminho viável para que possamos vislumbrar um futuro promissor para o nosso país.

Carlos Ramiro de Castro
Presidente da APEOESP – Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo

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